domingo, 7 de abril de 2013

Inovação

VEJA
Inovação - Com razão, o governo brasileiro tem o hábito de culpar os baixos salários chineses pela grande competitividade de seus produtos manufaturados, como carros – mas peca ao desconsiderar os investimentos incomparáveis em inovação feitos pelo país asiático para chegar ao nível de produtividade que tem hoje – a China está em 29º lugar no ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial, enquanto o Brasil está em 48ª posição. Em 1987, o economista americano Robert Solow ganhou o Prêmio Nobel de Economia por sua teoria de que grandes saltos civilizatórios eram decorrentes de investimentos pesados em inovação e qualificação da força de trabalho – e não apenas devido ao consumo das famílias, como parece crer o núcleo econômico petista.
A construção civil é um claro exemplo de avanço do emprego e dos preços devido ao aumento do consumo – e não da inovação. A expansão do crédito, a estabilidade econômica e o mercado de trabalho aquecido foram os grandes pilares de crescimento do setor imobiliário. Diante de tal aceleração, a oferta de trabalhadores se tornou escassa. Com isso, os salários pagos neste segmento tiveram reajustes fora da média - cerca de 30% nos últimos três anos, segundo o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC). “Situações como essa são preocupantes. Pois a soma da valorização da moeda e do aumento real do salário que superam, de longe, a variação da produtividade do setor”, afirma o professor da FGV, André Portela Souza.
Restará ao Brasil a tarefa de descobrir o resultado da equação de baixo desemprego e baixa produtividade industrial. O economista austríaco Friedrich Hayek, grande opositor às ideias de Keynes, sugere um fim pouco otimista para situações aparentemente positivas no mercado de trabalho, como ocorre no Brasil. Hayek argumenta que os sucessivos aumentos salariais que excederem os aumentos de produtividade afetarão a demanda – e, consequentemente, a inflação. Segundo ele, quanto mais durar a inflação, maior será o número de trabalhadores que dependerão da continuidade do aumento de preços. “Porque eles (os trabalhadores) foram levados a empregos temporariamente atrativos devido à inflação e, depois de uma desaceleração de preços, as vagas desaparecerão”. A saber, quando as vagas desaparecerem, qual será o trunfo político da vez.
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